sábado, 25 de julho de 2009

Inverno no RS

Porto Alegre, madrugada do dia 25 de julho. Faz frio. Bastante frio: -1°C. No interior do estado, então, chegou a -6°C. Lindo. Para alguns.
Só gosta do frio quem tem condições de se manter aquecido. Ainda que pareça contraditório, não vejo outra explicação.
Passar um final de semana na Serra Gaúcha buscando a neve é realmente muito bonito quando se pode ficar no hotel Varanda das Bromélias, apreciando o vale de um quarto com calefação. Ou então comer um delicioso fondue em alguma cantina na avenida principal.
Mas existe o outro lado do frio. O lado "gélido" do frio. Milhares de pessoas dormindo nas ruas, à mercê do clima, sem um lugar para morar, sem nada para comer. Esses não gostam do inverno, eles morrem. E morrem enquanto os condicionadores de ar de nossos carros estão ligados, cruzando os sinais cujas esquinas eles dormem, ou tentam dormir.
O mais incrível é que as crianças ainda conseguem brincar, de pé no chão e mangas curtas. E lançam um lindo sorriso ao nosso menor esforço em ajudá-las. Mas existe quem não se comova...

E eu não gosto do frio.

sábado, 20 de junho de 2009

Biruta

A intensidade dos ventos se mede
com a vontade de ficar




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Mais um da série "Poemas no ônibus"

sábado, 30 de maio de 2009

O blog está abandonado, é verdade. A Engenharia me consome a maior parte do tempo e, às vezes, quero postar mas não dá.
Um dia desses tava subindo a Ramiro Barcelos, uma das ruas "centrais" aqui de Poa. É uma lomba íngreme, de subida morosa. Subia reclamando da vida, estava cansado. Ao olhar pra frente novamente, me deparo com uma cena: um papeleiro, visivelmente mais cansado que eu, empurrando seu carrinho lomba acima. Percebi que eu estava numa situação privilegiada, subindo a lomba puxando apenas minha mochila pelas costas. Prontamente me comovi e fui conversar com o papeleiro. Ele realmente estava bem cansado. Ofereci ajuda e ele, meio constrangido, aceitou. Me falou que não é comum as pessoas conversarem com eles e que, geralmente, repudiam. No caminho, senti nojo das pessoas de modo geral. As pessoas me olhavam incrédulas. Afinal, o que há de errado em ajudar uma pessoa? Seria porque eu estava de mochila nas costas e não estava maltrapilho? Puro preconceito.
Nesse dia eu aprendi que ser papeleiro é muito mais foda do que as pessoas imaginam. É um carro com tração humana, percorrendo diversos quilômetros pra buscar um sustento. "Uns com tanto, outros com tão pouco", diria um amigo meu. E o medo que algumas pessoas tem é infundado, o cara está ali trabalhando. Quando se tratam pessoas como pessoas, elas não te representarão nenhum perigo.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

O ano começou diferente pra mim, melhor eu diria. Fiz o vestibular com a frieza de um engenheiro e comemorei o resultado com a alegria de uma criança. Passar é pra poucos. Passar com mais emoção, para pouquíssimos: segunda chamada é muito legal. Entrei para o curso dos meus sonhos, Engenharia Ambiental, na melhor Escola de Engenharia do país: UFRGS.
Como um curso das ciências exatas, calculamos tudo, derivamos "à la vonté" e nos valemos de diversos métodos físicos. Mas na faculdade se descobrem coisas que nunca nos foram ditas. Uma Ciência Exata não é real. A realidade não existe, é tudo mentira. Se usa um modelo para tentar aproximar algo da verdade. O volume da esfera não é 4/3 pi. r². O volume de um gás ideal não é 22,4L. E o pior, a constante gravitacional não vale 9,8, tampouco 10. É tudo aproximação. Mas de qualquer forma, vou me aproximando do meu ideal, construindo o meu caminho, a minha trajetória em MRUV. É um sonho que começa a ser realizado.