terça-feira, 18 de setembro de 2007

Primavera

Tão logo o sol começa a sair de seu casulo e os primeiros traços da primavera já começam a aparecer. As ruas parecem ganhar um tom mais alegre e especial: as árvores com cores mais vibrantes e as pessoas aparentemente mais felizes.
As paixões nessa época do ano são também mais intensas, mais cheias de vida. Procurei por ela o dia inteiro nas ruas, nas praças, nos ônibus e até mesmo no hospital. Foram aqueles olhos -e quão lindos eram!- que chamaram atenção, de uma cor-de-não-sei-bem-o-quê, mas que eram fortes, marcantes. Aquela aparência educada, de trato fino. Os cabelos longos, esvoaçantes. Indescritível. Foram algumas palavras apenas, alguns minutos de uma felicidade contida. Por vezes até reprimida. Mas eu sei que é ela. É ela, sim. Amanhã vamos nos ver. Amanhã tudo vai ser mais especial, sem conflitos ao redor. Talvez sim. É amanhã que eu encontro com essa linda mulher, a Matemática. Minha paixão por ela cresce em função exponencial, progressão geométrica.

Ah, a primavera!

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Um emo no quartel

Hoje fui me apresentar no quartel central. A idéia era fazer tudo que era preciso e, talvez, tentar pegar CPOR. Desde o início tudo foi bem engraçado, desde às justificativas infames a fim de escapar do serviço militar utilizado por terceiros à minha tão rápida vontade de participar de um programa social. Um amigo havia me informado que se fizesse esse programa só precisaria tirar um pouco de sangue que iria passar na frente dos outros. Não pestanejei. Fiz os exames e respondi ao questionário sobre DST. O nível de inteligência me espantou e por pouco achei que estava no lugar errado:
-O que é DST?
(A) Departamento de Segurança de Tráfego
(B)Departamento de Saude e Trabalho
(C)Doenças Sexualmente Transmissíveis

-Você costuma manter relações sexuais com:
(A)Somente mulheres
(B)Mulheres e, às vezes, homens
(C)Homens e, às vezes, mulheres
(D)Somente homens

Aquém disso, o que mais me chamou atenção foram os testes psicotécnicos (pediram para desenhar um quadrado, um círculo e um semi círculo) e o emo que estava na fila para exames médicos.
Fiquei imaginando que, no primeiro grito, ele começaria a chorar e, assim, escapar do serviço militar. Certamente a parte que ele mais gostou -e deve ter repetido- foi o exame de caxumba. Talvez tenha rodado no teste da farinha que, por sinal, eu passei, óbvio!

Dentre as desculpas mais esfarrapadas para escapar do serviço militar, a que mais me chamou atenção foi a de um guri que dizia nao poder servir pois tinha que acabar os estudos:

Tenente 1: Ah, tu nao acabou?
Cidadão: Não, não. Estou na sétima série.
Tenente 2: bah, te vira! Tanta gente trabalha e estuda!
Tenente 1: Olha cara, o exército não quer nem saber se tu estuda ou não. Aliás, com essa idade já deveria ter acabado. Mas enfim, tu serve e arruma um tempo pra estudar. Por favor, se dirija àquela fila ali que é pros candidatos, normal!

Asmas, hérnias em todas as partes do corpo, problemas cardíacos e mamãe que nao pode (de jeito nenhum!) viver sem o seu filhinho foram outras grandes coisas que ouvi. Tem ainda os soldados que se acham coronéis e os coronéis que pensam ser majores.

Apesar de tudo é engraçado, recomendo!

sábado, 1 de setembro de 2007

Paixão

Sempre que a gente se encontra eu perco a noção das coisas. O tempo às vezes parece parar, outras vezes parece voar. Minhas mãos ficaram trêmulas e minha respiração ofegante.
Com certeza ela percebeu e isso me deixou um pouco mais trêmulo. Mas o simples fato de estar ali tão perto -e ao mesmo tempo tão longe- já era uma grande coisa para mim. A textura, a cor e as palavras me agradavam, me faziam esquecer quem eu era ou quem eu fui, só me interessava aquele momento. E eu desejava que ele não acabasse, nunca mais. A emoção de a sentir junto de mim me causou medo, um receio de dar um passo a frente.
-Mi, tou apaixonado!
-É mesmo?! Por quem?
-Por uma mulher linda, que se chama Matemática.