sábado, 30 de maio de 2009

O blog está abandonado, é verdade. A Engenharia me consome a maior parte do tempo e, às vezes, quero postar mas não dá.
Um dia desses tava subindo a Ramiro Barcelos, uma das ruas "centrais" aqui de Poa. É uma lomba íngreme, de subida morosa. Subia reclamando da vida, estava cansado. Ao olhar pra frente novamente, me deparo com uma cena: um papeleiro, visivelmente mais cansado que eu, empurrando seu carrinho lomba acima. Percebi que eu estava numa situação privilegiada, subindo a lomba puxando apenas minha mochila pelas costas. Prontamente me comovi e fui conversar com o papeleiro. Ele realmente estava bem cansado. Ofereci ajuda e ele, meio constrangido, aceitou. Me falou que não é comum as pessoas conversarem com eles e que, geralmente, repudiam. No caminho, senti nojo das pessoas de modo geral. As pessoas me olhavam incrédulas. Afinal, o que há de errado em ajudar uma pessoa? Seria porque eu estava de mochila nas costas e não estava maltrapilho? Puro preconceito.
Nesse dia eu aprendi que ser papeleiro é muito mais foda do que as pessoas imaginam. É um carro com tração humana, percorrendo diversos quilômetros pra buscar um sustento. "Uns com tanto, outros com tão pouco", diria um amigo meu. E o medo que algumas pessoas tem é infundado, o cara está ali trabalhando. Quando se tratam pessoas como pessoas, elas não te representarão nenhum perigo.

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