quarta-feira, 7 de maio de 2008

Estava ansioso, aquilo me gerava sentimentos divergentes, num misto de amor, medo e prazer. O ronco forte anunciava sua partida. Lá dentro pouco se podia mover, tamanha sua força. Saiu rápido e logo ganhou novos ares. De lá podia ver toda a cidadee perceber o quão pequenos somos. Sobrevoamos algumas cidades litorâneas que pude identificar, atravessamos a fronteira e ganhamos o interior. Passamos por Capinzal também (era Capinzal, tenho certeza!). Balança pra cá, balança pra lá e pousamos. Tudo era maior do que eu previa. Aguardaria provavelmente uma hora até que pudesse me encontrar com o pai que vinha em outro vôo. Almocei e o tal vôo não havia aparecido. Já preocupado com possíveis atrasos ou problemas com o velhinho, procurei informações no guichê da companhia. "O avião estará pousando em 15 minutos lá em Congonhas, senhor". Estava perdido. Perdido numa cidade de mais de dez milhões de habitantes, sendo a maior do hemisfério sul. Guarulhos fica na zona norte e Congonhas na zona sul. Tomei um coletivo e segui rumo ao centro, Praça da República era o meu destino. Sabia que o hotel era por ali, certamente me acharia. Rodovia Ayrton Senna, Bandeirantes, Marginal, Ipiranga e Pç. Da República. Caminho curto, aparentemente. Após 1h30min chego na Praça, um dos grandes marcos da grande cidade, hoje conhecida por ponto de drogas e prostituição no coração do coração do país. Achei o hotel, encontrei meu velho, tudo certo.
Demorei para descobrir que São Paulo era mesmo grande: caminhava uma quadra e entrava num buraco de mais ou menos 5 andares subterrâneos, pegava um coletivo diferente que produzia um barulho alto e passados alguns minutos me diziam que eu estava do outro lado da cidade,5 andares subterrâneos ainda. No horário de pique (ou pico, como quiser) as pessoas te atropelam e não olham nem para o lado, é um comportamento um tanto quanto hostil mas que funciona muito bem nessas situações, aprendi logo. Outra coisa muito legal que vi por lá foi o 'Trolebus", o ônibus elétrico. É movido através da energia de cabos elétricos, dispostos durante o corredor. Ele fica preso nesses cabos e faz somente aquele caminho, com uma margem para desviar de eventuais obstáculos. Ecologicamente correto, aprovado por mim.
Centro de cidade grande sempre é algo engraçado à noitinha. Love Story se chamava o inferninho, alguns diziam que era o "Refugo de putas": faziam seus programas durante a noite e depois iam pra lá para se divertir. A festa, para se ter noção, começava às 4da manhã e só acabava com o sol alto, lá pelas 11 horas.
Do outro lado da rua o edifício residencial mais populoso do mundo, com mais de (pasmem!) 5 mil apartamentos. E por incrível que pareça, não encontrei muitos moradores e um movimento exacerbado. Muitas portarias e muitos porteiros. Tampouco entendi como eles cuidavam as câmeras de vídeo.
O trânsito é incrível. Não se usa a seta para pedir passagem. Usa-se para informar que está passando, quando muito se dá uma buzinadinha para alertar motoristas desavisados.
Por fim, novamente o ronco forte do motor numa noite nublada, tempestade no caminho. Estava cansado e,após o lanche, tentei dormir. Quando pegava no sono, um apito e minha cabeça batendo na janela. Turbulência das boas, todos com os cintos apertados (o que me parece não fazer a mínima diferença em caso de acidente). Não consegui mais dormir, tudo bem. Voar é um prazer.

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