quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Fala, mãe!

Se tem alguma coisa que mãe gosta de fazer é falar mal dos filhos. Falar mal para as amigas, falar mal para as amigas das amigas. Não que seus filhos sejam de caráter duvidoso, é que elas sentem prazer nessa confraternização amistosa. O mais engraçado é que elas relatam as mesmas coisas umas para as outras e chegam à maravilhosa conclusão de que uma geração inteira está perdida. E logo essa, que foi livre de repressão, que pôde falar aquilo que pensava sem ser perseguido por uma ou outra autoridade. Logo essa, que sempre teve tudo de "mão-beijada", que estudou e que teve apoio paterno. Logo essa juventude, que se esbalda em coisas fugazes, que joga dinheiro pra cima sem saber o seu valor. Logo essa, logo essa.
Charles Kieffer, um baita escritor, disse em Caminhando na Chuva (como é bom caminhar na chuva!) que a vida era redonda: o homem caga no rio, o peixe se alimenta no rio e o homem se alimenta do peixe. Não que suas verdades sejam universais, mas concordo que a vida seja redonda. Fizemos as mesmas coisas que nossos pais, dadas as devidas proporções, que por sua vez fizeram o mesmo que nossos avôs, que por sua vez.. Que por sua vez... Que por sua vez... A vida é redonda.
Se falarmos com historiadores novatos dirão que a vida é espiral e começarão a filosofar sobre a luta de classes, de um tal de Marx.
Os sociólogos entrarão em êxtase defendendo as idéias de Augusto Comte.
A minha matemática derivará sucessivas funções e calculará limites. A Maria do Horto (grande mestra!), novamente, chamará a SAMU.
Mas as nossas mães, elas reclamarão!

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